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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sábado, 25 de março de 2017

4º DOMINGO DA QUARESMA

Quem segue Jesus, vê tudo com um novo olhar!
Image result for 4 domingo da quaresmaComo crianças que se deixam educar na fé, no caminho quaresmal vamos, pouco a pouco, redescobrindo Jesus como pão da vida, como filho amado, como água viva e, neste domingo, como luz do mundo. Jesus Cristo é luz que faz resplandecer a verdade e a beleza de todas as coisas, particularmente dos homens e mulheres. Ele nos lembra nosso parentesco com o pó e com o barro da terra e, assim, abre nossos olhos para que acreditemos nele, olhemos o mundo na sua perspectiva e nos engajemos na sua obra de libertar os oprimidos e abrir os olhos daqueles que não querem ver a destruição da nossa “casa comum”.
João nos coloca, com Jesus, diante de um judeu que nasceu cego e pobre e deve mendigar para sobreviver. Ao mal físico da cegueira se acrescenta a chaga social da pobreza e o mal espiritual de quem pensa que o mendigo cego ou sua família são os culpados por tudo isso. Parece que os próprios discípulos pensam dessa maneira. E é malvisto e suspeito quem ousa pensar diferente, mudar esta condição considerada natural e atuar contra os costumes e leis naturais que cimentam esta ordem social! “Este homem não pode vir de Deus... Nós sabemos que este homem é um pecador”, dizem de Jesus.
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O olhar de Deus é outro. Seus caminhos são alternativos. Este olhar diverso e inverso, próprio de Deus e daqueles que nele acreditam, se mostra de forma claríssima em Jesus de Nazaré. Para ele, nem o cego mendigo nem sua pobre família são culpados de qualquer coisa. Jesus não explica as causas desta sua cegueira, mas, diante dela, chama todos e cada um a tomar uma posição responsável. “Temos que realizar as obras daquele que me enviou...” Estamos diante de uma pessoa necessitada que pede uma ação solidária, e não diante de alguém que a ser simplesmente julgado. E não há tempo a esperar!
Em Jesus de Nazaré temos a Luz que ajuda a discernir e compreender a realidade assim como ela é. “Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo...” Trata-se de ver a ausência dos empobrecidos e excluídos e chamá-los a ocupar os primeiros lugares, de recuperar a visão daqueles que não conseguem ver e de devolver-lhes a cidadania. Jesus cura o cego, justifica sua família e desmascara a culpa da elite religiosa. Assim, questiona a ordem estabelecida e quem a sustenta. Enquanto as elites se comprazem em culpar as vítimas e inocentar os algozes, Jesus desmascara suas cínicas mentiras.
Image result for 4 domingo da quaresmaComo discípulos e discípulas de Jesus, precisamos exercitar um olhar que transcende as aparências, agir de modo a derrubar os muros construídos pela exclusão e mantidos pela indiferença globalizada, vencer o medo que acomoda e nos leva a duvidar de que existam pessoas e grupos excluídos. “Não acreditaram que ele tinha sido cego...”  Toda ideologia, instituição ou sistema fechado em si mesmo, com pretensões de totalidade, seja ele partido, nação, empresa, Igreja ou academia, tem vocação totalitária e, portanto, cai na tentação das práticas de indiferença e de exclusão.
Image result for 4 domingo da quaresmaPaulo pede que nos comportemos como filhos da luz, o que significa concretamente ser bom com todos, reconhecer e afirmar a dignidade dos sem dignidade, lutar pela justiça, reestabelecer a verdade. Mas o ponto de partida é despertar da tranquilidade do nosso sono e praticar a necessária autocrítica: “Será que também somos cegos?” E os passos seguintes levam a perseverar no caminho de Jesus de Nazaré, a pedir que ele abra nossos olhos, a assumir seu ponto de vista, a colaborar incansável e generosamente com sua ação libertadora. E isso sem se deixar enganar com a aparência ou a estatura dos grandes...
Mas este é um caminho sempre cercado de ameaças e incompreensões. O cego e mendigo que recuperou a capacidade de ver e discutir com as autoridades encurraladas enfrentou sentenças ferozes e condenações inapeláveis: “Você nasceu inteirinho no pecado e quer nos ensinar?” E o próprio Jesus, por ousar retirar o véu dos olhos do cego e levantar o manto ideológico da exclusão que o vitimava, não tardou a ser carimbado como pecador. Não é novidade que também muitos pastores e profetas de hoje sejam demonizados e execrados pela mídia comercial.
Image result for 4 domingo da quaresmaJesus, humano e divino profeta de Nazaré, luz do nosso olhar e razão do nosso caminhar: Tu nos ensinas que abrir os olhos e ver as coisas na tua perspectiva é um caminho que nunca termina de começar. Ajuda-nos a reconhecer que tu és a Luz que revela a inegociável dignidade das pessoas que, na ideologia que nos tenta, são transformadas em mercadoria ou reduzidas a consumidores. Guia-nos a uma vida realmente sábia, como a da mulher da Samaria e a do anônimo mendigo. E ensina-nos a encontrar no barro da terra a familiaridade que nos une a todos os seres e restitui a vida tanto aos humanos como às demais criaturas, para que possamos valorizar e preservar a beleza e a integridade os biomas brasileiros. Assim seja! Amém!

                        Itacir Brassiani msf

sexta-feira, 24 de março de 2017

SOLENIDADE DA ANUNCIAÇÃO DO SENHOR


Image result for anunciação de mariaA humildade foi assumida pela majestade, a fraqueza, pela força, a mortalidade, pela eternidade. Para saldar a dívida de nossa condição humana, a natureza impassível uniu-se à natureza passível. Deste modo, como convinha à nossa recuperação, o único mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, podia submeter-se à morte através de sua natureza humana e permanecer imune em sua natureza divina.
Por conseguinte, numa natureza perfeita e integral de verdadeiro homem, nasceu o verdadeiro Deus, perfeito na sua divindade, perfeito na nossa humanidade. Por “nossa humanidade” queremos significar a natureza que o Criador desde o início formou em nós, e que assumiu para renová-la. Mas daquelas coisas que o Sedutor trouxe, e o homem enganado aceitou, não há nenhum vestígio no Salvador; nem pelo fato de se ter irmanado na comunhão da fragilidade humana, tornou-se participante dos nossos delitos.
Assumiu a condição de escravo, sem mancha de pecado, engrandecendo o humano, sem diminuir o divino. Porque o aniquilamento, pelo qual o invisível se tornou visível, e o Criador de tudo quis ser um dos mortais, foi uma condescendência da sua misericórdia, não uma falha do seu poder. Por conseguinte, aquele que, na sua condição divina se fez homem, assumindo a condição de escravo, se fez homem.
Image result for anunciação de mariaEntrou, portanto, o Filho de Deus neste mundo tão pequeno, descendo do trono celeste, mas sem deixar a glória do Pai; é gerado e nasce de modo totalmente novo. De modo novo porque, sendo invisível em si mesmo, torna-se visível como nós; incompreensível, quis ser compreendido;existindo antes dos tempos, começou a existir no tempo. O Senhor do universo assume a condição de escravo, envolvendo em sombra a imensidão de sua majestade; o Deus impassível não recusou ser homem passível, o imortal submeteu-se às leis da morte.
Aquele que é verdadeiro Deus, é também verdadeiro homem; e nesta unidade nada há de falso, porque nele é perfeita respectivamente tanto a humanidade do homem como a grandeza de Deus.
Image result for anunciação de mariaNem Deus sofre mudança com esta condescendência da sua misericórdia nem o homem é destruído com sua elevação a tão alta dignidade. Cada natureza realiza, em comunhão com a outra, aquilo que lhe é próprio: o Verbo realiza o que é próprio do Verbo, e a carne realiza o que é próprio da carne.
A natureza divina resplandece nos milagres, a humana, sucumbe aos sofrimentos. E como o Verbo não renuncia à igualdade da glória do Pai, também a carne não deixa a natureza de nossa raça.
É um só e o mesmo – não nos cansaremos de repetir – verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem. É Deus, porque no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus: e o Verbo era Deus. É homem, porque o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,1.14).

Das Cartas de São Leão Magno, papa